Surgimento da civilização
A vida dos homens estava
passando por muitas transformações no momento em que ocorre o surgimento da
escrita em diversas partes do planeta. Sempre que a humanidade está por dar um
salto, ela é chamada a grandes transições. Com a escrita não foi diferente. Mesmo
que se relate que os fenícios são os primeiros (talvez únicos) inventores da
(primeira) escrita, a verdade é que o ato de escrever surgiu em vários locais
num período relativamente curto, que pode ser explicado pela tese da
ressonância mórfica (e novamente uma questão de consciência (espiritual).
Veja, não estamos falando
literalmente apenas de escrever letras sobre papiros ou couros e muito menos
sobre papel, mas de coisas do tipo assim dos quipos quéchuas que, sobre um
pedaço de barbante, estabeleciam nóz e pêndulos que lá do outro lado do
território era “lido” por quem era destinatário.
A Revolução Agrícola no
período Neolítico fez o homem trocar a vida nômade baseada na caça, na pesca e
na coleta de alimentos oferecidos pela natureza pela vida sedentária, ou seja,
com residência um pouco mais fixa e apenas um pouco dependente da rudeza do
clima.
Isso se tornou possível
através do desenvolvimento da agricultura, ou seja da manipulação de sementes e
mudas e da domesticação dos animais que ofereciam o alimento necessário próximo
da habitação humana. As técnicas agrícolas não pararam de se desenvolver
levando ao surgimento de técnicas como a irrigação e a construção de ferramentas
como a enxada, o machado, o arado puxado inicialmente pelos próprios homens e
mais tarde por animais, até chegar nas poderosas colheitadeiras controladas por
GPS.
Os homens passam a então se
agrupar em regiões de terras férteis, com regularidade de água, propícias à
agricultura e à criação de animais. Destes agrupamentos surgem vilarejos que
seriam os embriões de sociedades mais estruturadas e complexas que iriam se
formar: as cidades, de onde nos vem o termo civitas
radical de civilização. Era civil ou civilizado quem dependesse habitar uma civitas (cidade) e daí nos vem também o
termo cidadão, cidadã.
A tecnologia avançava e as
ferramentas de pedra polida eram substituídas pelos metais maleáveis como o
cobre, o estanho, o bronze e posteriormente metais rígidos como o ferro no que
é chamado de Idade dos Metais, até chegar no aço e além dele como o titânio.
É nesse cenário que surge a
escrita (escrita propriamente dita) e as primeiras civilizações. Formam-se
governos criando-se os Estados, as relações de troca que dariam origem aos
mercados e a possibilidade de impor a força através dos exércitos, que agora já
não lutava com arco, flecha e tacape, mas com espadas e lanças, mais tarde a
cavalaria.
As religiões institucionais
tiveram enorme influência nas civilizações que hoje conhecemos pelos nomes de
asiática, onde predominam o budismo, o hinduísmo, confucionismo, taoísmo,
xintoísmo e outras com menor impacto; europeia, onde predominam as religiões
cristãs (católica e ortodoxa, além de muçulmana e principalmente as
protestantes); Oriente Médio e África, onde predominam as religiões muçulmana e
judaica.
Pelo nome de Cultura, não devemos
entender apenas como as pessoas se comportam e fazem as coisas; devemos entendê-las
também pelo que elas pensam e no que elas creem.
E é no aspecto das crenças
que residem, justamente, os pontos mais lamentáveis de uma imensa parcela da
humanidade. Naquilo que cremos demonstramos claramente tratar-se de algo que
nos foi ensinado, veio de fora, não foi descoberto por nós. E as religiões
foram grandes braços da dominação das massas humanas a serviço dos imperadores,
ditadores e empresários. O estado laico demorou sete mil anos para ser adotado,
mas aí já havíamos perdido um tempo imenso acreditando que as relações com o
sagrado precisam de intermediários. Por conta dessas crenças permitimos o
surgimento de poderosas organizações vendedoras de crenças, graças,
indulgências e passaportes, estes últimos para entrada no céu, onde estava o
deus sentado num trono, com a coroa sobre a cabeça, aplicando sua severa
justiça.
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