Uma
Federação Espírita
Luiz Osvaldo Ferreira de Melo,
homem lúcido e previdente, observando, logo após o término da 2ª. Guerra
Mundial, o crescimento do número de Casas Espíritas em nosso Estado, julgou
oportuna e urgente a criação de uma Instituição que buscasse unificar esse
Movimento que então eclodia.
O momento tornara-se adequado,
pois que, com o término desse doloroso episódio da história da humanidade
terrena, serenaram consideravelmente eventuais perseguições e equívocos que até
então eram direcionados aos espíritas, particularmente nas regiões onde muitos
descendentes de cidadãos europeus haviam se estabelecido e eram teimosamente
ligados à sua fé.
Todavia, em 1945, essa quantidade
de entidades dispostas a difundir o Espiritismo em Santa Catarina já era
superior a 20, sendo que mais da metade delas estavam instaladas em
Florianópolis ou municípios circundantes. As demais, até então conhecidas,
tinham suas sedes em São Francisco do Sul, Laguna, Itaiópolis, Lages, Itajaí,
Papanduva, Blumenau, Criciúma e Rio do Sul, uma em cada uma dessas cidades.
Multiplicando-se através do
território catarinense, esses Centros Espíritas não poderiam permanecer
isolados uns dos outros. Tornava-se imperioso implantar uma sistemática de
troca de experiências, de união entre as mesmas, a fim de que permanecesse
incólume a doutrina revelada pelos Espíritos do Senhor, codificada
inteligentemente pelo Sr. Allan Kardec.
Osvaldo Melo era conhecedor de um
trabalho unificador já realizado em outros Estados, com a implantação de instituições
federativas, as quais, sem interferência na autonomia própria das Casas
Espíritas, procuravam meios para sanar dificuldades, dirimir dúvidas atinentes
à Doutrina e auxiliar a todos os seus trabalhadores com soluções ou propostas
que a vivência de outros já evidenciara.
Já em tempos passados, antes de
completar-se a segunda década do século 20, alguns pioneiros do Espiritismo
haviam tentado a criação de uma Federação em nosso Estado. Entretanto, as
poucas instituições espíritas existentes e as dificuldades de aceitação do
Espiritismo, à época, represaram a ideia, ao ponto de a mesma diluir-se pouco
após sua implantação. O momento não seria o mais conveniente.
E realmente, como a programação
espiritual delineara esse surgimento para nova época, mais propícia, as
circunstâncias levaram Osvaldo Melo, médium de excelentes qualidades, no início
dos anos 40, a repensar a necessidade de uma Instituição norteadora para esse
Movimento, então já em crescimento. Esse irmão presidia, na ocasião, o Centro
Espírita Amor e Humildade do Apóstolo, em Florianópolis, o terceiro mais antigo
do Estado. Sempre conciliador, prudente, fraterno e humano, era frequentemente
procurado por companheiros espíritas de outras casas, mesmo das situadas no
interior do território catarinense, a fim de orientar os caminhos mais
adequados para a solução das dificuldades que se apresentavam. E ele o fazia
com verdadeiro amor em seu coração, muitas vezes visitando pessoalmente esses
Centros e Sociedades Espíritas, removendo os obstáculos que aqui ou ali
tentavam obscurecer o Movimento em expansão.
Melo participou, em algumas
ocasiões, de eventos realizados na Federação Espírita do Paraná, instituição
hoje mais que centenária e que contara, durante anos, com a presença e o
trabalho de Arthur Lins de Vasconcelos Lopes, com o qual passou a dialogar a
respeito das possibilidades ora oferecidas ao Estado de Santa Catarina, assim
como ouviu outro companheiro, no Rio Grande do Sul, Francisco Spinelli.
Foi com esses irmãos que se
materializou a proposta da realização de um conclave, em Curitiba, no ano de
1943, com o objetivo de implantar o processo de Unificação Espírita, nos
Estados do Sul do Brasil. E Osvaldo Melo, por fim, trocou ideias com dirigentes
das Casas Espíritas existentes no Estado, vendo então como inadiável a fundação
da Federação Espírita Catarinense.
Convocados esses companheiros,
envolvidos pelas mesmas vibrações emanadas da espiritualidade superior,
reuniram-se, na noite de 24 de abril de 1945, na sede do próprio Centro
Espírita Amor e Humildade do Apóstolo, sito à Rua Marechal Guilherme número 29,
no centro da Capital. O encontro foi deveras auspicioso, embora breve, pois
todos os presentes já estavam devidamente cientificados dos grandes propósitos
dessa novel entidade. E, imediatamente, foi constituída a primeira Diretoria,
tendo Luiz Osvaldo Ferreira de Melo como seu presidente, face aos seus esforços
e ao trabalho já realizado, conforme acima mencionado.
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