A Segunda Religião Brasileira
O Brasil acabara de
libertar os escravos negros em 1888, nesta conturbada época da história, entre
o fim do regime monarquista e a Proclamação da República em 1889. O estado do
Acre foi integrado ao Brasil em 1903. No início dividido em quatro partes: Alto
Acre, Alto Purus, Alto Juá e Alto Turauacá, unificado em 1907 a 75º Oeste de
Greenwich, fuso de menos de 5 horas GM. Na mesma época em que o General Rondon
estende naquele território linhas telegráficas, e é construída a estrada de
ferro Madeira-Mamoré, de 366
km , não sem muito derramamento de sangue, com disputas
armadas de parte à parte, ligando os territórios de Rondônia, Acre e Bolívia. A
estrada havia acabado de ser construída, e para trabalhar nela vieram muitos
negros de 1,90m à 2,00m de altura.
Um destes negros,
neto de escravos, com (20) vinte anos de idade, chegou do Maranhão para
trabalhar nos seringais do Peru e na ferrovia, vindo a conhecer uma bebida
chamada Ayahuaska.
Dez anos depois,
quando contava com (30) trinta anos, inicia o que seria no futuro o Culto do
Santo Daime, ligando definitivamente a raça negra à vermelha e à branca, pela
cultura da PLANTA DE PODER, que os ensinou a cantar, dançar e falar
corretamente, a ter segurança pessoal elevando sua auto-estima de forma
pacífica, inspirada pela entidade espiritual denominada de “Clara" e do
Inca Huaskar. Essa cultura vai se solidificar em 1931, quando Mestre Irineu
Serra se torna poeta, recebendo seus Hinários e aceitando nos TRABALHOS espirituais
a presença feminina, o que foi inovador para seu tempo.
Nasceu assim a
segunda religião brasileira de raiz xamânica, no Bairro de Vila Ivonete, vindo,
tempos depois, a se transferir para o bairro do Alto Santo, no Estado do Acre,
na cidade de Rio Branco, sua capital. Gerou, a partir disso, outras
ramificações mas sempre com o uso das mesmas Plantas de Poder.
Em Tempo
Mestre Irineu, ao
conectar seu Mestre Espiritual e dele receber instruções para fazer da
Ayahuaska um novo uso, uniu o Caminho Profundo (telúrico) ao Caminho Cósmico de
Iniciação, tendo o mérito de INOVAR, fazendo a primeira ponte de passagem para
o Xamanismo Urbano de Plantas de Poder. Deu o nome de SANTO DAIME, culto que
entendemos ser para fins de reestruturação mental e espiritual de um povo. Como
a Umbanda, que está tendo muitos adeptos em outros povos, que buscam igualmente
melhor se estruturar para uma nova ordem que se aproxima rapidamente no mundo
da alta tecnologia.
Hoje as duas
religiões estão espalhadas pelo Brasil inteiro, pela América Latina e pelo
mundo, pois não há lugar onde as pessoas não estejam sofrendo algum tipo de
desestruturação, acredito que devido a tantas doenças epidêmicas, às guerras de
armas e comerciais, levando às transformações sociais violentas, vindas decorrentes
de mudanças filosóficas e políticas anteriores.
A NATUREZA é a
maior forma de expressão de DEUS e é nela que a humanidade vai buscar SALVAÇÃO,
nela encontramos a matéria-prima para superar todos os males, ela é o modelo, a
matriz e mãe, portanto esta RAIZ não pode ser extirpada, deve ser preservada.
Florestas inteiras
se acabam com o FOGO. Será que vamos viver para cumprir a profecia BÍBLICA de
um novo Apocalipse por causa disso, ou “alguém” vai criar uma NAVE com o nome
de Arca de Noé para salvar os “animais” da extinção? Mesmo a antiga Arca
somente levou algumas espécies, deixando os “agigantados ou grandes” perecerem
para sempre.
Vivemos momentos
míticos importantes, sem os quais nenhuma nação se torna forte. Se há poder no
céu, há poder na TERRA, e cremos que um povo somente é forte quando o PODER
Divino torna-se consciente na mística do dia-a-dia de seus habitantes.
Ouvimos falar a
primeira vez em Plantas de Poder num terreiro de candomblé. Até então o assunto
era tabu. Até que, nos anos 80, no Peru, conhecemos a Ayahuaska.
Depois, como
terapeuta de acupuntura, a autora conheceu nativos xamãs de várias tribos do
Brasil e de fora dele. Acabou entrando em contato com a UDV (União dos
Vegetais) e o Santo Daime. Acreditou muito na importância destas duas correntes
religiosas genuinamente brasileiras, que estão inspirando músicos, poetas e
arquitetos a fazerem obras criativas e originais.
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